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Manaus, cheia de 2012 e um pouco de história

Este artigo abordará um pouco da história de Manaus, sua infraestrutura, economia, processos migratórios e sobre o ciclo da borracha. Antes deste ser escrito, foi realizado uma pesquisa sobre esses assunto acima mencionados, assim firmando as futuras palavras deste em matérias jornalísticas e pesquisas científicas, aumentando a credibilidade de seu conteúdo.

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No dia 16 de Maio de 2012, o Rio Negro ultrapassou em 1 cm a cota máxima medida em 2009, tornando esse ano o da maior cheia histórica de Manaus durante esses 110 anos de medição pluviométrica. A cota anterior era de 29,77 m. A última maior cota registrada é de 29,97 m, 20 cm acima da registrada em 2009. Mais de 80 mil famílias em todo o estado do Amazonas foram prejudicadas por causa dessa cheia histórica e recorde. Desde sua casa invadida pelas águas até a perda de praticamente toda uma safra de alimentos.
Vou lhes apresentar uma consequencia: aqui no estado são produzidos toneladas e mais toneladas de juta. A juta é usada para a criação e confecção das sacas de café brasileiro. Com a cheia, a colheita de juta teve de ser precipitada. O tempo foi insuficiente e a perda de muitas toneladas de juta fez que com que faltasse algumas milhares de sacas. O resultado? O preço do café subiu, fazendo com que a exportação de café diminuísse.
Outra consequencia: o estado consome internamente muitos produtos alimentícios, como a banana, laranja, cupuaçu, açai, leite, além de várias verduras e peixes da região. Com a área onde são plantadas, produzidas e colhidas esses produtos alagadas, houve uma grande perda. Com o pouco que se colheu, produziu e plantou, restou vender a preços muito altos e acima da média do mercado brasileiro. Toda a região metropolitana de Manaus sofreu e está sofrendo com essa cheia.
O transporte da capital, principalmente o público, sofreu nos últimos dias drásticas alterações, mudando de forma rápida a dinâmica da cidade em relação ao centro da cidade, sendo esta a mais atingida. Mas, porquê tantos problemas surgiram com a cheia do Rio Negro? O que contribuiu, direta ou indiretamente, com esse problemas que agora assolam a capital?

O ciclo da borracha


O ciclo da borracha foi um momento econômico na história do Brasil. Tendo seu auge entre os anos de 1879 a 1912, uma das cidades que mais se beneficiaram com esse período foi a cidade de Manaus, que naquela época tinha o nome de Manaós e era apenas uma cidade. Antes desse período, a cidade apenas tinha como base econômica a comercialização das drogas do sertão. Com o advento da revolução industrial, a borracha obteve importância no mercado mundial. Assim, os olhos de muitos, sendo eles brasileiros ou não, se voltaram para a amazônia, afim de enriquecer coma  extração e venda da borracha. Dentre esse ciclo, a cidade de Manaus passou por uma grande transformação.
Manaós, que era somente uma pequena cidade com casebres simples, ruas de barro e um porto improvisado, transformou-se em uma cidade que continha o que havia de mais moderno no mundo. Muitas de suas construções históricas, hoje pontos turísticos, tem grande influência dos estilos europeus, sendo o maior exemplar dessa influência o Teatro Amazonas.

No ano de 1892, iniciou-se no governo de Eduardo Ribeiro (governador do estado do Amazonas naquela época), que teve um papel importante na transformação da cidade,através da elaboração e execução de um plano para coordenar o seu crescimento. Dentre o período de 1890 á 1910, a cidade continha a mesma estrutura que tinham as cidades de Belem e Rio de Janeiro. Durante esse período também Manaus foi uma das cidades que mais crescia no mundo. O ouro negro (como assim chamava a borracha) transformou essa cidade em uma das mais importantes do mundo. Com uma estrutura urbana bela e moderna, Manaós tinha uma moderna e complexa galeria de esgotos, que ficava abaixo do centro de Manaus. Esta galeria foi construída afim de suportar a infraestrutura daquela época, que continha uma população não muito maior do que 20 mil pessoas.

A cheia de 1953


Com o fim do clico da borracha, o centro da cidade, até a década de 60, ficou praticamente intacta. Durante esse período, em Junho de 1953, foi registrada a Maior enchente histórica em Manaus. Assim como a atual, a cheia de 1953 inundou em grande parte o centro da cidade assim como outros bairros adjacentes, como o de Educandos e São Raimundo.


Como a infraestrutura da cidade, principalmente a central incluindo as galerias de esgoto, foi construída para suportar a população do ciclo áureo da borracha, a cheia de 1953 poderia ter sido o suficiente para que os governos do estado e município fizessem algo a respeito sobra a infraestrutura da cidade. Como a população naquele ano era de pouco mais de 279 mil habitantes, realizar uma mudança estrutural nas partes atingidas da cidade afim de evitar problemas futuros caso ocorresse cheias similares ou até maiores não seria algo drástico. Mas, nada foi feito.
 



A Zona Franca de Manaus


Na década de 60, mais exatamente no ano de 1967, foi implantado em Manaus uma Zona Franca, criada pelo governo federal para impulsionar o governo federal para impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental. Também conhecida pelo nome de Polo Industrial de Manaus (PIM), foi a partir da década de 70 que Manaus começou a sofrer um alto  crescimento vertiginoso.
“Manaus emerge como atrativo para a migração, tanto interna quanto externa à região, e ainda internacional, pois os empreendimentos estabelecidos na cidade acenavam para a possibilidade de geração de empregos e oportunidades de renda para as populações que buscam no centro urbano a melhoria de suas condições de vida” (Souza, 2005: 36).
“[...] a partir dos anos 70, a cidade de Manaus passou a destacar-se por seu intenso processo de urbanização, visível no acelerado crescimento populacional. Essa dinâmica da população possibilitou-lhe em 1980 concentrar grande parte da população do Estado do Amazonas, sendo elevada, na década de 90, à posição de metrópole da Amazônia Ocidental” (Souza, 2005: 34)
Com a instalação da Zona Franca Manaus sofreu um inchaço populacional em face da imigração das populações interioranas/ribeirinhas, como mão-de-obra barata para as indústrias, gerando um crescimento desordenado da cidade e aumentando consideravelmente o número de bairros periféricos e favelas.
Em pouco mais de 6 décadas, a Capital Manaus contem quase 2 milhões de habitantes. De 70 até 90, o crescimento dessa capital foi rápido, mas grandemente desordenado. Muitos moram a beira dos igarapés, assim tornando os mesmos poluídos pelo acumulo de lixo jogado pelos moradores.

A cheia de 2009

Quando iniciou o período de cheia, o Rio Negro já subia muito acima do normal. Na cabeceira do rio, muitas municípios já estavam alagados e as águas não paravam de subir, a ponto de a cada dia o rio ficar 5 cm mais alto. No dia 24 de Junho de 2009, a cota do Rio Negro atinge a de 1953, continuando a subir até o dia 02 de Julho de 2009, quando marcava 29,77 cm, baixando sua cota a partir do dia 03.
O que contribuiu para que em 2009 a cheia em Manaus prejudicasse o centro da cidade foi a antecipada cheia das pequenas galerias de esgotos construídas na época da borracha, que foi feito para uma população de 20 mil pessoas. Em 2009, a população em Manaus era de mais de 1 milhão e 800 mil pessoas !!! As galerias de esgoto que ainda existem em Manaus na região central hoje suporta uma população 90 vezes maior que a prevista quando foi construído. Desde 1953 a infraestrutura de Manaus sofreu algumas mudanças, mas nenhuma delas foi prevendo uma cheia tal como foi a de 2009. Resultado??? As mesmas áreas do centro da cidade que ficaram alagadas em 1953 ficaram alagadas e ainda um pouco mais.



A cheia de 2012


A foto acima foi tirada por mim no dia 16 de Maio de 2012, quando o Rio Negro tinha quebrado o recorde de 2009 em 1 cm, marcando 29,78 m. A situação não era muito diferente que a de 2009, mas vale lembrar: o rio atingiu 29,77 cm no dia 2 de Julho de 2009 !!! Esse ano o rio quebrou o recorde anterior adiantado mais de 1 mês !!! O maior cota registrada até agora é de 29,97 metros !!!
Vamos colocar aqui os pontos que contribuíram para que em 2012 a cheia prejudicasse tanta gente em Manaus:
  • A infraestrutura da região central da cidade é precária, pois continua senso praticamente a mesma do ciclo da borracha. Projetada e construída para abrigar confortavelmente a população da época, hoje sobram dores de cabeça sobre isso. Além do mais, nada foi feito para que a infraestrutura do centro evitasse prejudicar todo o resto em casos de cheias como essa, a de 2009 e a de 1953.
  • As galerias de esgoto de Manaus no centro de Manaus continuam as mesma. Sua estrutura e tamanho foram construídos para a Manaus de 1910. Pouco foi feito para melhorar essa estrutura durante as décadas.
  • Com a criação da Zona Franca de Manaus, a cidade cresceu monstruosamente. Com esse crescimento desordenado, muitos instalaram suas moradias onde puderam. Assim, muitos construíram suas casas a beira dos igarapés, poluindo os mesmo onde eles moravam.
  • A falta de políticas públicas para que a infraestrutura da cidade de Manaus, como um todo, suportasse o crescimento advindo da instalação da Zona Franca.
Veja o vídeo abaixo também gravado por mim no dia 31 de Maio.

Unknown

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