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Deus e minhas dúvidas: um pequeno ensaio pessoal para debates futuros

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Atenção: este artigo fala sobre questões morais e religiosas pessoais, mais especificamente sobre mim, Frank Wyllys Cabral Lira. Durante o discorrer do mesmo, todas e quaisquer palavras aqui devidamente digitadas são minhas, em sua certeza absoluta, exceto quando abordado for um assunto, trecho, frase, poema, artigo, pensamento ou opinião de referências extra oficiais, sendo devidamente creditadas.



A pergunta



Deus existe? Sempre imagino essa pergunta em minha mente quando nada tenho a fazer. Pensar faz bem para o cérebro, impedindo que ele fique preguiçoso. Pensar deixa o cérebro igualmente forte assim como fazer atividades físicas como correr ou malhar deixa o corpo saudável, forte e definido. Minha mente fica silenciosa. Pergunto novamente: Deus existe? A respostas que eu geralmente recebo são um “talvez”, “acho que sim”, “acho que não”, “pode ser”. Mas a resposta que eu sinceramente gosto é a “tenho minhas dúvidas”. Acho ela minha favorita. Quando a recebo, minha mente fica praticamente excitada, pois ela sabe que começarei a partir dessa resposta uma série de debates internos, questionamentos, confrontos de pensamentos, avaliações de outras visões pessoais.


O debate



-Eu: Deus existe?
-Minha mente: tenho minhas dúvidas...
-Eu: e que dúvidas são essas?
-Minha mente: muitas. Chega ao ponto de as considerar intermináveis.
-Eu: estou confuso com essa sua consideração. Pode começar a explicar suas dúvidas de forma sucinta? Tente começar por algo, monte sua base para explicar essas suas dúvidas intermináveis.
-Minha mente: quando nascemos somos chamados de bebês. Humanos em sua menor forma e em sua maior fragilidade. Seres totalmente dependentes de outros seres humanos. Nesses primeiros momentos de vida temos igual semelhança com os animais da qual são considerados pelos humanos de irracionais: não temos pensamento racional. Comecei a achar isso uma afirmação um tanto que... ultrapassada.
-Eu: porquê?
-Minha mente: Recordo-me aqui que uma vez você leu sobre um artigo científico que eu não recordo agora de quem é e onde foi publicado mas na qual dizia que os bebês não nascem como uma folha branca. Eles tem sim algo primordial para considerar-mos seres racionais: conhecimento. São poucos e primitivos, mas são conhecimentos. Quando um bebê está com fome, o que ele faz? Ele chora. Mas, porque não fala que está com fome? Pois ainda não desenvolveu ou não lhe foi ensinado o ato de falar. Não sabendo isso, usa sua única forma de comunicação sonora: o choro. Lógico, um bebê faz mais do que ficar com fome. Ele dorme, se irrita, assusta, movimenta. Com o tempo ele desenvolve algo da qual por enquanto é apenas manifestado pelas pessoas em comum: conceitos de moral e ética.
-Eu: continue...
-Minha mente: isso é simplesmente maravilhoso! Em média eles o desenvolvem com apenas 6 meses de vida ! Depois começam a explorar por sozinho as coisas. E assim continuam a crescer, já internalizando um espírito desbravador, que busca o novo, que quer resposta para as coisas. Nós seres humanos já somos assim desde bebês.
-Eu: e o que você conclui com todas essas informações?
-Minha mente: Nós, seres humanos, nascemos ateus. Observe como isso é intrigante! E mais: se considerarmos que enquanto bebês agimos e pensamos de forma parecida com os animais, chego a seguinte conclusão: o animais também são ateus. Observo também que as pessoas que acreditam em um ou mais deuses repassam esse conhecimento, geralmente de forma imposta para as crianças. Por geralmente seus pais acreditarem também em tal ou tais divindades, a criança internaliza que esse(s) Deus(es) é(são) o correto. Crianças são espertas. Elas enxergam com seus próprios olhos a devoção de seus pais junto a temerosidade para esse ser que ela acabou de aprender. No final, por ser aceitável em seu lar e por pressão da sociedade, acabamos compelidos a crer nesse(s) Deus(es).
-Eu: hum... interessante.
-Minha mente: Outra dúvida minha é sobre a crença em Deus(es). Como nós, assim assumidos seres racionais, cremos, tememos, idolatramos, matamos e criamos guerras por causa dEle ou dEles? Isso é gritante demais para mim! Por exemplo, eu fui educado por seus pais na crença de que existe apenas um Deus, o Deus dos cristãos. Foi imposta a mim os conhecimentos da igreja católica apostólica romana. Foi imposto a mim a crença de que o mundo foi criado por Deus, fazendo isso em 6 dias e descansando no 7º dia. Que eu fui pensado e criado por Deus, tendo ele desejado quando eu nascesse. Que todas as minhas vitórias e derrotas vem dEle. Que devo orar, me prostrando de forma inferior e humilhante a Ele, pedindo assim vitórias, sabedoria, saúde, proteção a mim e minha família e outras coisas mais. Que Ele mandou seu filho, assim chamado de Jesus, para nos salvar. Que Jesus morreu na cruz com todos os nossos pecados por amor a essa nossa débil e falha humanidade. Que devo primeiro chegar a ele se quero chegar ao Pai. Muita coisa me foi imposta em forma de conhecimento e você sabe disso. Eu estou dentro de você. Sou seu pensamento, sou sua mente. Tudo que você sabe, faz, pensa, conclui, tudo isso parte de mim.
-Eu: é verdade. Mas não tenho culpa disso ! Eu, enquanto criança, não sabia muito das coisas do mundo (e hoje ainda não sei todas e tenho certeza que morrerei não sabendo todas). Estava na fase de começo de aprendizagem. Meu pai crê em Deus e minha mãe também. Nessa sociedade, nada mais normal do que minha família, esta católica, colocar seu filho para aprender sobre os ensinamento daquele que eles creem.
-Minha mente: concordo. Mas toda a sua cultura, conhecimento, personalidade, tudo isso e muito mais estão armazenadas nesse banco de dados da qual eu convivo constantemente: o cérebro. Agradeço por naquele ano nós termos nos libertado dessa ignorância !
-Eu: sim! Em 2010 fui aprovado para estudar na Fundação Nokia de Ensino. Uma instituição de respeito na região norte e no Brasil. Lá o ensino é bom. Quando fui aprovado, fiquei com aquela esperança de que tivessem duas matérias que eu particularmente tinha curiosidade em aprender: filosofia e sociologia. Naquele mesmo ano o ensino dessas duas matérias voltou a ser ensinado por todos os anos do ensino médio em todo o Brasil. Que sorte eu tive !
-Minha mente: sorte mesmo! Muito do que você sabe remete a consequência do que aprendeu lá.
-Eu: de início achei um pouco difícil, mas minha grande vontade em aprender não fez considerar as matérias chatas. Aprender sobre o mito da caverna de Platão, hoje igualmente comparada a filosofia apresentada no filme Matrix. Aprender sobre Aristóteles, inclusive lendo sua obra Da Alma. Estudar sobre como era o pensamento (da qual eu considero fechado e bastante ignorante) das pessoas na época da idade média, na qual a igreja católica praticamente dominava de forma religiosa e política. Admirar-me com o renascimento, com o iluminismo, a revolução francesa, o movimento de independência do atual Estados Unidos da América. Aprender sobre os conceitos básicos da sociologia, para qual utilidade ela tinha serventia. Estudar sobre o uso da imparcialidade nos estudos científicos, sobre o positivismo de Augusto Comte, sobre os fatos sociais de Émile Durkheim, sobre Max Weber e suas teses, teorias e explicações da sociedade e sobre Karl Max e seu pensamento filosófico chamado de marxismo, incluindo suas severas críticas contra o sistema capitalista. Todo esse conhecimento somado e relacionado a acontecimentos históricos refletiram em um abalo para minhas crenças religiosas assim aprendidas e impostas quando criança. Foi ai que aos meus 15 anos de idade comecei a duvidar sobre o que tinham me ensinado. Hoje sei que isso foi o começo, resultando no que eu sei sobre Deus. Em 2010, eu posso admitir: fui iniciado a sair da ignorância, a pensar por mim próprio, a ser mais racional.
-MInha mente: uma outra dúvida minha é sobre os atos do seres humanos por causa de Deus. Lógico, nós dois sabemos hoje que a bíblia é um conjunto de livros que ao longo dos anos, muitos anos aliás, foi escrita, recopiada, traduzida, alterada. Praticamente todos os livros lá contidos foram escritos por mais de um autor. Umas das lições básicas que aprendemos quando estudamos literatura é que geralmente o autor escreve de acordo com sua época. Vejo isso claramente lendo a bíblia. Por exemplo, caso eu queira vender minha filha como escrava, isso é permitido em Êxodo 21:7. Se eu sigo a bíblia como guia moral, quando eu bem entender, posso vender minha filha como escrava. Que absurdo ! O cristianismo na idade média foi impositor em relação a somente existir o Deus deles. Realizaram as cruzadas para tomarem de posse a terra santa. Muitos morreram nessas cruzadas, estas que realizavam suas matanças simplesmente em nome de Deus. Poucos sabem disso, mas uma expedição missionária foi enviada para a China, afim de converter a população de suas colônias para a religião cristã. Voltaram para casa com sua missão fracassada. Tentaram, mas no final souberam que ir contra o hinduísmo e budismo era impossível. Essa era a religião deles, e os fazerem mudar para católica foi em vão. Com o islã e Maomé a situação é pior. Aqueles que não creem nele devem ser eliminados segundo escrito no Alcorão. O resultado disso tudo? A constante tensão existente nas áreas onde o islã alcança. O dia 11 de Setembro de 2001 está ai para todos verem até onde eles vão para poder matar os infiéis.
-Eu: concordo com você. Além do mais, complementando sua visão da bíblia, li uma matéria na revista Superinteressante na qual falava da história de Deus, desde sua criação até ser hoje o Deus que é. Deus hoje é conhecido e aceito no mundo porque os romanos a adotaram como religião oficial, além de sobreviver seu declínio, pois se tornou forte, rica, poderosa a influente. Foi esperta na sua sobrevivênvia, foi acolhedora com os invasores e adotou alguns pontos culturais dos mesmo afim de fazer simpatia. Monopolizou a bíblia a seu gosto, adicionando livros e excluindo outros. Seus erros de traduções são agora conhecidos pelos estudiosos dela, além de conter como diretriz moral e ética os conceitos morais e éticos dos povos daquela época remota.
-Minha mente: concerteza. Muitas foram as atrocidades cometidas por nós humanos usando a bíblia como verdade absoluta. Tudo por causa de religião. Religião esta que da seu suporte para Deus, mostrando seu amor para com suas “criações” enquanto coloca para debaixo do tapete seus atos violentos.
-Eu: mas minha dúvida ainda não foi respondida. Deus existe?
-Minha mente: respondendo sua pergunta de forma direta e objetiva: não.
-Eu: já imaginava que sua resposta seria essa.
-Minha mente: eu, sua mente, pensa assim, mas o que diz seu coração?
-Eu: o que diz em respeito a resposta dada pela minha mente? Em coração?
-Meu coração: Ainda existe esperança. Sua mente trabalha de forma racional e científica. Para que ela mude sua resposta, será preciso provar a existência de Deus com toda uma teoria e sua prática, obtendo assim provas suficientes. Mas eu não. Trabalho de forma sentimental. Sei da minha ignorância de que o cérebro que produz ou comanda a produção de todas as substância que produzem esses sentimentos. Mas você e sua mente entraram em consentimento que é mais belo considerar que o cérebro trabalha com o racional enquanto o coração trabalha com o sentimental. E eu nasci desse consenso. Eu digo que você tem um dom da qual tem conhecimento: o dom da fé. Essa fé ainda lhe nutre esperanças de que Deus ainda exista.


A conclusão


Minha mente diz que Deus não existe, mas meu coração diz que ainda existe esperanças. Vários são os homens que falam e falaram que Deus não existe. Vários são os homens que falam e falaram que Deus existe. Mas, nesse caso, não me interesso muito pelas palavras dos homens. O buraco é mais em baixo. A questão é mais pessoal. Ainda estou dividido pelas duas opiniões. Acho que por isso optei pelo Agnosticismo teísta: Eu acredito em Deus, mas não consigo provar sua existência. Isso me faz ter, concluir e falar de forma flexível sobre o assunto. Posso em um determinado momento gritar como um ateu convicto e depois explicar de forma calma como um deísta decidido. Mesmo ainda crendo em Deus, posso livremente falar, debater e duvidar de sua existência. Tenho assegurado por lei a liberdade de expressão. Já irritei algumas pessoas sobre essas minhas opiniões. Não falo abertamente sobre este assunto em si pois sei que as pessoas ao meu redor ainda não estão prontas o suficiente (e possivelmente nunca estaram) para entender esse meu pensamento.

Unknown

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2 comentários:

  1. Você sabe que eu também sou atormentado por essa dúvida. Rejeito o teísmo mas é difícil aceitar toda a lógica das leis físicas deslumbrantes sem sentir que alguma coisa inacreditavelmente inteligente as tenha estabelecido com algum propósito. Atribuir qualidades, defeitos ou sentimentos humanos e impor dogmas a essa coisa é antropoformismo, mas negar-lhe existência ainda me parece um pouco ilógico.

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  2. Concordo com seu comentário. Acho que morrerei (ou não) não tendo essa pergunta respondida.

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